“ O homem é um aprendiz , a dor é sua mestra  ,  E ninguém se  conhece enquanto não sofreu “ – Musset ( 1810/1857 ) .

Novembro iniciava o seu percurso , feriado , lembranças dos mortos, falecidos, defuntos . . . um enorme rol de conhecidos . . . o portão de ferro era o mesmo , agora em nova pintura , a mesma cor azul . . . assim observava ao adentrar no campo-santo ; finados  -  morte , falecidos, defuntos , flores  . . . “ O homem é um aprendiz . . . “ ;   cemitério . . . necrópole . . . o pensamento viajava no silencio da manhã , no vazio da saudades  !

O relógio marcava dez horas , uma garoa fina envolvia o ambiente, procurou a copa de uma arvore como abrigo , acendeu um cigarro e ficou a espera que o tempo melhorasse , o que não aconteceu . Outras pessoas foram chegando , feições conhecidas . . . sete anos , poucas alterações , um rosto na recordação , surpresa . . . a jovem cumprimentou . . .   chegaram-se  : - Olá como você está ? O tempo não passa  para voce  , parece cada vez mais moça . A conversa foi ampliada . A garoa parara , despediram-se , ela não quis ‘carona’ , marcaram encontro para a noite , local , o coreto do jardim , aquele banco velho conhecido ,e ela , não veio . Esperou vinte longos minutos , entrou no carro e partiu para ver se reconhecia a antiga moradia .Localizou a residência , tudo apagado , fechado , não entendeu , indagou por alguns moleques : - Voces sabem onde a Dirce mora ? Ela morava naquela casa , toda fechada. . . . os rapazes sorriam , responderam .uma negativa . . .  – não sabemos !

Entrou no carro , acendeu um cigarro , contatou um CD nostálgico , partiu sem destino , passou pela Alameda da Saudade onde ficava o cemitério e para surpresa, uma jovem de vestido branco , parecia espera-lo , era ela , era a Dirce . . .  mal deu tempo de estacionar e , o vulto de branco sumiu . . . rua deserta e a ‘dama de branco’ , volatizou-se , Nada entendeu , a reflexão não dava continuidade . . . o que pensar, agir , voltar ao lar antigo , tudo igual , deserto .

Parou o veiculo no hotel, indagou o porteiro e ouviu: - Sim , conheci a Dirce , filha do seo Antonio, falecida no desastre da fabrica de tecidos , ela tentou salvar uma jovem recém contratada . Salvou a jovem mas seu uniforme pegou fogo . . .  a jovem do cemitério , não era a primeira aparição . . . surgia , conversava , reunia . . . no domingo , a tarde voltou ao campo-santo .A mesma sombra da árvore , a presença de Dirce, saíram do local , de mãos dadas , conversando como na época de adolescentes . . . assunto é que não faltava .

O desastre da fabrica de tecidos  foi comentado. . . não foi entendido mas, ouviu. . .  marcaram encontro  sob a frondosa árvore . . . e ela, não veio . . . com a mala pronta , Cuiabá seria o destino. . . quando chegou , ao abrir a mala em Cuiabá , encontrou um botão de rosa branca, fechada mas o botão estava viçoso, . . . por dias/dias ficou viajando sentindo o perfume e a textura da rosa. . . entender não conseguia/conseguia sim ,lembrar das recordações . . . o amor tomara novas formas , um botão de rosa branca . . . saudades !

a.begossi – 09/11/16